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Resenha Crítica do Artigo: "The small-world problem" de Stanley Milgram (1967)





Stanley Milgram (1933-1984) foi um psícólogo graduado pela Universidade de Yale que desenvolveu uma pesquisa, na década de 60, sobre as possíveis conexões entre pessoas escolhidas aleatoriamente na costa leste dos EUA. A proposta da pesquisa de Milgram era, se o remetente conhecer o destinatário pessoalmente, então este deverá entregar uma carta à esta pessoa. Caso contrário, se não conhecê-la pessoalmente, deverá entregar a carta para um amigo que possa conhecer o destinatário. E, assim por diante. A ideia era descobrir qual a "probabilidade que cada pessoa tem de conhecer outra no mundo?", para saber quantas relações interpessoais são necessárias para que a uma mensagem possa chegar de um remetente a um destinatário. Essa experiência foi chamada "The small problem" ou o "Pequeno problema do mundo" deu origem à Teoria do Conectivismo e, foi fonte dos estudos sobre os seis graus de separação. Esta teoria está sendo denominada de "teoria de aprendizagem" e é muito utilizada na Ciência da Computação porque baseia-se na premissa de que o conhecimento existe no mundo ao contrário do que afirmam outras teorias de aprendizagem, que defendem que o conhecimento simplesmente existe na mente das pessoas. Esta teoria está sendo chamada de "teoria de aprendizagem para a era digital", porque pode explicar o efeito que as tecnologias teve sobre a forma como as pessoas vivem e convivem na sociedade contemporânea, tendo como seus autores, George Siemens e Stephen DownesAtualmente, tem-se estudado a Teoria do Conectivismo como uma teoria de aprendizagem pelo fato de que as pessoas estão cada vez mais conectadas digitalmente, em virtude das tecnologias digitais de rede. Nesse contexto, as redes sociais são ferramentas poderosas para viabilizar e, também para visualizar tais conexões. No seu artigo, Milgram constata o quanto estamos conectados socialmente uns aos outros e essa conexão, o autor chamou de "small world", no qual afirma que a sociedade não está organizada por conexões aleatórias entre as pessoas, mas por conexões arranjadas em classes sociais. No seu estudo Milgram descobriu que precisaríamos de 5,5 pessoas para que a carta chegasse ao seu destinatário. Esse número deu origem ao chamado "seis graus de separação", que atualmente, com o advento das tecnologias digitais de rede e o surgimento das redes sociais, já estão afirmando que são somente "quatro graus de separação". Na área da educação, pensando em uma pedagogia para a Educação a Distância (EaD), pode-se afirmar que se a Teoria do Conectivismo é uma teoria de aprendizagem, então significa que todo o trabalho pedagógico acontecerá em "rede", na "rede", entre estudantes e professores trabalhando em constante colaboração, com recursos de internet Web 2.0 e/ou 3.0, onde as aprendizagens acontecem em "rede", não falando-se mais em "ensino-aprendizagem" e sim, "construção do conhecimento em rede".  

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Artigo: 


Comentários

  1. Excelente post, Cristiane. Não conhecia essa teoria, mas vejo que tem uma abordagem muito relevante e pertinente para as discussões que estamos vivenciando sobre as TDIC na Educação, principalmente em relação a EAD.
    Parabéns e obrigado!!!
    Eduardo Henrique

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    Respostas
    1. Olá Eduardo, inicialmente, obrigada pelo seu comentário porque acredito que é a partir do diálogo que podemos pensar em uma educação contextualizada com os dias de hoje. Estamos fazendo uma discussão sobre o Conectivismo e as Redes no PGIE/UFRGS, com a mediação da profa Marie Jane Soares Carvalho (minha orientadora). Ao logo do semestre, estarei compartilhando as nossas discussões e reflexões sobre o tema. Sinta-se convidado para interagirmos sobre o tema :) Abs. Cristiane Koehler.

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  2. Eu também adorei a postagem. Na verdade, na Pedagogia, pelo menos onde atuo, não utilizamos mais o dueto ensino-aprendizagem, mesmo porque nem nós mesmos temos plena consciência do que foi que apreendemos verdadeiramente até a necessidade aparecer. Acredito que há muito tempo vivemos a construção desse conhecimento em rede, falo isso a partir da obra de Levy, Inteligência Cognitiva. o EU é inteligente juntamente com seu grupo. Os artefatos, instituições, sociedade representam exatamente o que a sociedade assimila. Acho que a expansão dessa compreensão está acontecendo agora. Ab!
    Cláudia M.R. Naves

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  3. Oi Cláudia, também quero te agradecer o comentário :) e dizer que acredito que as redes estão modificando as relações interpessoais, em casa, na escola, no governo e nas empresas. A cibercultura está aí e precisa ser discutida, debatida e nós precisamos nos incluir nessa nova cultura, a cultura digital. Sinta-se convidada a continuar participando do debate :) Abs. Cristiane Koehler.

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